FONTE: DP
Por: Danielle Santana
Por: Diario de Pernambuco
Alívio no avanço da inflação é resultado da queda no preço dos combustíveis e da energia elétrica (Marcelo Camargo/Agência Brasil) |
Com retração de 0,42% em julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Grande Recife, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (09), apresentou seu menor resultado desde janeiro de 2020, período em que teve início a nova série histórica da inflação para as regiões metropolitanas. No Brasil, a média foi de 0,68%, com queda em todas as localidades pesquisadas.
No país, o alívio no avanço da inflação é resultado da queda no preço dos combustíveis e da energia elétrica, que impactam diretamente outros setores. Com a redução do ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e comunicações, segmentos como transporte e habitação registraram deflação no último mês.
No Grande Recife, três entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE apresentaram queda no índice em julho: transportes (-3,36%), habitação (-1,6%) e artigos de residência (-0,22%). Entre os itens que exerceram maior impacto no resultado geral, estão os combustíveis para veículo e a energia elétrica, que retrocederam 9,17% e 5,16%, respectivamente. “Temos uma queda artificial porque não foi uma situação de mercado que baixou os preços. Foi algo momentâneo que vai durar até o final do ano por causa da lei, mas não deve se remeter no curto prazo”, explicou a gerente de Planejamento e Gestão do IBGE em Pernambuco, Fernanda Estelita.
Segundo a economista, a expectativa é que a tendência de retração se mantenha até o próximo mês. “Tivemos um ponto fora da curva em julho e devemos ter uma situação residual em agosto, mas não deve se refletir no restante do ano”, afirmou. No entanto, como os setores de combustíveis e energia elétrica afetam diretamente a cadeia produtiva, existe a possibilidade de que outros grupos também registrem uma desaceleração na inflação. “Pode vir de forma diluída, mas não sabemos como vai impactar. Apesar dessa queda pontual, devemos ficar no teto da meta, por volta dos 5%”, completou Fernanda.
Apesar do desempenho positivo do resultado geral no mês de julho, a alta de outros grupos como alimentação e bebidas, segue preocupando. Em doze meses o segmento já acumula avanço de 13,73% no Grande Recife. Em julho, o avanço de 1,71% foi puxado pelos leites e derivados, cujo aumento foi de 9,82%. “Nós temos uma inflação muito alta dos alimentos que impacta especialmente nas famílias de renda mais baixa, afetando a qualidade de vida”, observou a gerente de planejamento.
Na sequência, o levantamento realizado pelo IBGE apontou avanço na inflação dos grupos de despesas pessoais (0,83%), vestuário (0,57%), educação (0,16%), comunicação (0,08%) e saúde e cuidados pessoais (0,02%). Já os cinco produtos ou serviços com maior aumento no IPCA do Grande Recife foram o leite longa vida (26,54%), a melancia (20,40%), o mamão (19,24%), o queijo (10,62%) e as passagens aéreas (9,79%). Entre os que apresentaram maior percentual de redução no preço, estão o tomate (-13,71%), a cenoura (-10,94%), a gasolina (-9,87%), a batata-inglesa (-8,93%) e o coentro (-6,64).
No acumulado do ano, a Região Metropolitana do Recife registra inflação de 5,41%, quarta maior entre os locais pesquisados, e acima da média nacional, que ficou em 4,77% no mesmo período. Dessa forma, para alguns consumidores, a queda de julho ainda não consegue exercer um impacto relevante no orçamento familiar.
“Nos combustíveis teve uma redução que não foi tão grande quanto eu esperava, mas para mim, que rodo muito, faz alguma diferença. Já na questão dos alimentos a gente não observa essa queda”, afirmou o médico veterinário Luciano Calábria, de 59 anos. Para ele, a expectativa é que a influência política faça com que a inflação estabilize nos próximos meses. “Como a gente sabe que diminuindo o diesel diminui o custo de todos os produtos, outras coisas podem baixar. Acho que até as eleições os preços se estabilizam um pouco”, concluiu.
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